"BIOGRAFIA" |
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"António Mestre" |
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Falecido a 14/03/2020 |
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R.I.P. |
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António Mestre; nascido a 8 de Dezembro de 1941; Natural de Corte da Seda de Alcoutim - no campo foi pastor; mais tarde lavrador; em Lisboa foi pedreiro de obras; sempre trabalhou de sol a sol. Mais tarde alistou-se na Marinha de Guerra Portuguesa; foi marinheiro; viajou e fez comissão em Angola; enquanto marinheiro foi um período muito enriquecedor, quando passou à disponibilidade ingressou na Manutenção Militar de Lisboa; como funcionário; até que chegou a encarregado principal: Uma vida de labutas, mas com sucesso. Condecorado com medalha de bons serviços, ao passar à reforma trouxe consigo um louvor, do qual se orgulha bastante. Ocupou os seus tempos livres, escrevendo prosa livre e poemas; grande parte deles dedicados à sua terra e também a outras terras. Actualmente é membro do “Mensageiro da Poesia – Associação Cultural Poética – Amora”; “Confrades da Poesia” em Amora. Participa com os seus poemas em várias antologias… Em tempo fez parte da Associação Portuguesa de Poetas - Lisboa | |
Blog: |
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http://corte-tabeliao.blogspot.com/ - http://www.confradesdapoesia.pt/Biografia/AntonioMestre.htm | |
E-mail: antoniomestre1941@gmail.com | |
Bibliografia: |
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“Artefactos antigos no concelho de Alcoutim”; “Contos lendas e poesia”; “Lutar contra o cancro é uma virtude”; “A alegria do passado e a tristeza do presente”... | |
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O Museu da Corte Tabelião Fico na Corte Tabelião Na freguesia de Alcoutim Eu sou um lindo museu Faltando só o jardim Tenho um lindo quadro Com o nome da Corte Tabelião E para que não fiques enganado Podes vê-lo em qualquer ocasião Temos um lindo manual Que é para farinhas e pão Só faltando o bom do sal Fica aqui a minha sugestão Temos a lata para regar A pá para deitar o pão Temos a balança para pesar Ainda temos o serrilhão Temos o mapa para nos guiar Onde existem estradas e caminhos Temos os barrancos a corrinhar Sempre seguindo o seu destino Tenho dois vasos à porta Os dois têm lindas rosas Para alegrar o teu coração Já que elas são formosas. António Mestre - Cruz de Pau/Amora Pego do Inferno Pego do Inferno Por onde corre a água Que me lembra a minha juventude Cascata eterna De dor secreta Tão à beira de mim Quando vejo a sua cascata Toda a minha alma se torna trémula Ante a suspeita De que seja a última vez Que veja a sua beleza De cariz tão raro. António Mestre – Cruz de Pau/Amora |
SEIXAL
Cantar para ti, Seixal
É motivo de alegria
É com orgulho afinal
Que encantas também a tua baía
Essa linda e
bonita baía
Tem ar calmo e
sereno
Vejo nela grande
magia
Como o mundo é
pequeno
Pequeno também é o Seixal
Mas é muito bonito de se ver
Esta beleza muito natural
Que deve deixar muito prazer
Quando a noite vem chegando
O que é muito lindo afinal
Os namorados se beijando
Junto à baía do Seixal
Seixal cidade luminosa
Mirando vaidosa a tua baía
Cada casa é uma sereia caprichosa
Emergindo das águas com fantasia
António Mestre - Cruz de Pau/Amora
Marinheiros deste concelho Nesta terra bem desprotegida Viver aqui é uma grande alegria Mesmo que vivesse aqui toda a vida O sonho não concretizaria Mais uma vez se reuniram Neste concelho somos os primeiros Para demonstrar os que já viram Que a união há entre os marinheiros Somos uma família onde há união Por quem na Marinha passou Todos juntos lutamos com consolação Quem são eles? São os bravos marinheiros Os marinheiros do concelho de Alcoutim Mais um almoço de confraternização São todos a gritar, é mesmo assim Nesta hora de grande devoção Neste concelho que é bastante pobre Pobre na sua grande amplitude Mas é muito rico e muito nobre Para os marinheiros é uma juventude Os marinheiros são sempre velozes Quando há intrusos a querem-se meter São todos a gritar a uma só voz Actuam todos na união do seu bem-querer A.Mestre – Cruz de Pau/Amora |
O MEDO QUE NOS ATERRORIZA Ao sentir-me doente, resolvi ir ao IPO, e ao chegar a esta unidade hospitalar, de imediato fui consultado pelo médico exigiu que eu fizesse exames, procedi em conformidade, aí diagnosticaram-me um “Melanoma” do nível IV, já com alguma agressividade, apoderou-se de mim o medo, incertezas, caminhos sinuosos…já não conseguia ver a luz ao fundo do túnel. Segundo dizem as estatísticas este tumor, só 19 % é que se conseguiam salvar desta aventura, sendo detetado a tempo, com alguma agravante, segundo dizem os técnicos este tumor geralmente aparece e desenvolve entre 6 a 7 anos, sendo possível uma recidiva, noutras partes do corpo. Já com o diagnóstico feito saí do edifício principal da unidade hospitalar, ao sair, sentei-me no átrio do Instituto, á saída existe uns bancos cobertos por algumas árvores, sentei-me na sua sombra, o meu raciocínio era sempre: - “quantos dias eu iria viver, se alguma vez voltaria a retornar à minha casa”. Já tinha passado por dois tumores malignos, não hei-de vencer mais esta batalha? Ao relembrar uma alma nova, pus tudo de parte, avancei pensando que era capaz de vencer outro tumor. Ao mesmo tempo reconhecia, sempre que o médico diagnosticava algo mais grave, era uma barreira que caía em cima de mim. Depois da operação ser confirmada, surge o medo, as dúvidas, associadas ao estado psicológico, digo e afirmo para uma operação oncológica não há intervenções cirúrgicas fáceis. Nós damos entrada no bloco, sem sabermos se saímos de lá ou não com vida, apesar de tudo correr bem ou mal e haver forças para enfrentar esse medo. Sempre com base na esperança para os melhores dias vindouros, assim como o receio de não termos dias difíceis, dolorosos, períodos de vida, que nos dê uma palavra amiga e conforto, de carinho, que nos empreste um ombro amigo. Se for o caso resta a desilusão, frustração, desespero, medo, muito medo, tive na altura já descrita neste texto, o clínico que me fez a marcação dos gânglios, na medicina nuclear, me comunicou: - “Senhor Mestre o senhor já veio tarde de mais”; logo depreendi que já me restavam poucos meses de vida. Neste caso não conseguia dormir, julgando sempre o pior, como não tinha com quem falar, para desabafar levantei-me, segui pelo corredor da unidade hospitalar em direção à sala de espera, deveriam ser umas quatro da manhã. Encontrei-me com uma doente, que não conseguia dormir, sofria com os seus medos, as suas frustrações. Estava completamente desorientada e dizia, apesar de tomar comprimidos para dormir, e lhe terem aumentado a dose continuava na mesma. Ela muito desanimada disse que ia começar uma série de sessões de quimioterapia, não tinha esperança nenhuma, o seu caso era inexistente, o medo tinha-se apoderado dessa pessoa, segundo ela já temia a morte. Julgando eu que estava, sem ver uma saída para o meu problema, acima de tudo sentia-me bastante mal, com medo, frustração, acima de tudo todas as portas se fechavam, mas ainda tive a coragem para lhe dar uma palavra amiga, “a esperança é a última a morrer”. Entretanto apareceu uma Enfermeira que se encontrava de serviço, dizendo os senhores não podem estar aqui a esta hora da manhã, nós desconhecíamos tal impedimento e tivemos de seguir cada um para o seu lugar, deixando as nossas mágoas a conseguir vencê-las. António Mestre - Amora | |
"CONFRADES DA POESIA" |
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