"BIOGRAFIA"

"Maria Teresa de Jesus Assunção"

 
 

Maria Tereza de Jesus Assunção, nasceu a 15 de Outubro de 1966 na Vila da Ribeira Grande – em Santo Antão – Cabo Verde. Reside em São Vicente desde 1991. Trabalha na TACV – São Vicente há 16 anos.
Em 2005 fez o Curso de Iniciação Teatral e com outros actores criou a Companhia de Teatro SARRON.
Como actriz já representou algumas Peças de Teatro tais como: - Sófamília, Rei Lear, Up-Grade Bô Democracia e Um Vez Sóncent era Sáb  – Este último um musical de Neu Lopes.
É sócia da Associação Artística e Cultural – Mindelact e actualmente desempenha funções na Direcção. Esta Associação realiza todos os anos em Setembro o Festival Internacional de Teatro – Mindelact, evento que concentra Artistas de Teatro de vários países do Mundo.
É colaboradora do Jornal Raizonline (raizonline.com); Membro de “Os Confrades da Poesia” – Amora / Portugal.
Escreve poesia desde a juventude, mas de forma organizada e sistemática só desde 2002.
A sua poesia é leve e sensual. Usa o pseudónimo «Índia Libriana» que surgiu em Fortaleza – Ceará Brasil., inspirada na Índia Iracema e Libriana por ser ela uma nativa de Libra.
 
Blog: napeduvid.blogspot.com (ainda em construção)
 

VEM

Vem que te espero
aqui o sorriso tem desenvoltura
o Sol não tem ultravioletas
e a Lua não eclipsa em nós;

Vem que te espero
para os abraços trepidantes... prevertidos
para os sugados beijos prometidos
ab initio e até quando durar esta eternidade;

Vem que te quero
num “Vem” extasiante, de prazer
arrancando ais, gemidos guturais
seguido do deleite da calma do depois;

Vem que te espero
meus braços são céus de ternura
te esperando para te cobrir doçura
cada recanto do teu olhar;

Vem que te espero
para encher meus olhos do teu olhar
vem que minha tez quer conferir e tocar
o calor descrito pelas tuas falangetas.

Índia Libriana
(Abril2007)
 
 
 
 
 
 
MITOFADO


Desisto de correr para encontrar-me, neste poente
igual á sombra, quão fragrância de almíscar
e em beber em mim também como nascente,
desnudo-me Grécia e visto-me em mitismo de Iskar...

Desço ao meu Hipocrene e sacio esta carestia,
e da Arcádia vou a China, como sétimo lá sou santo,
dos comparecidos ao banquete e tiveram amnistia
e sou o mais sensível, de valentia e de encanto...

Se vinda do Neptuno exibo minha deidade, assola-me
um afligir ininteligível, e perco a divindade e os modos
no etéreo das encarnações a paridade cósmica, pose

na alegoria do Zodíaco e a Justiça isola-me
de entre a Massa o Inanimado, e sustento a Todos
equilibrando o peso dos Onze e temporalizo doze.
 
Índia Libriana
(Junho2007)
 
 
 
 
 
À SILHUETA


Afundo-me no airoso vazio da folha e tormentos
são palavras que cruzam velozes este caminho
e descaminho é o lícito atropelo dos momentos,
faróis cegando sonhos, na vilania do cadinho

O vazio inunda-me e há sonhos caídos de mim
na concha a mudez do mar e do navegante
num movimento de rotação sem fim,
aplaude no sono o espectador alucinante

Em todo o fado, a sátira desdita e combalida
há viver que se vive para além desta tela, e é real,
quão é este crescer da solidão da minha alma,

Que inflama e proclama a luz que se desvanece pálida
o argumentista recria-a e dá-lhe a tonalidade ideal
e nela revela-se a ironia castrando a minha calma...

Índia Libriana
(Agosto2007)
 
 
 
 
IMPERADOR


Parece que alguém chorou nos teus olhos
e deixou neles um eterno efeito molhado,
um excesso de silêncio espesso e talhado
e nem tens neles capim verde aos molhos...

Parece que teus lábios foram sugados
com ímpeto devorador e fogoso
e ficou neles um rubor presunçoso
que sub saem deles brados calados...

Imperador foste também Augustus
pelejando e transportando o belo
do burgo para o proscénio das pistas...

E se retratos pudesses tirar os nus
dos teus olhos e teus lábios, o anelo
daria para expo e poses com outras artistas.
 

-Índia Libriana-
(Setembro2007)
 
 
 
 
 
 
AO TEMPO QUE FOSTE


És de um tempo que foi e que já não dói
em que eram tuas minhas ruas
por onde passava e passeava
copioso teu olhar, uma dor de amar;

Eras caloroso espaço, regaço
de maciez sedosa, tez preciosa
cheirando a flores, dando calores
aos sentidos e ruídos contidos;

És da Imagem que foste, Cópia inópia
poesia sem sentimento, o pejo do beijo
que habitou o meu intenso silêncio
de todas as horas em que te amava nas demoras;

És saudade ausente, toque sem choque
do exaurido perfume sem ciúme,
da Ideia do inteligível no sensível
do tempo que foste, passado sem enfado;

Eras do tempo que eras e foram eras
de muitas promessas, louças essas já partidas
hoje nem saudades amenas, fóssil apenas
de tão remoto na minha memória sem glória.
 
 

 

 
LAMENTOS

Parto sim, do jovem aconchego desse olhar
que não retocará a sua fantasia primeira
e só há bilhete para Lugar Nenhum a cobrar
nesta Estação ubi cheguei tarde à bilheteira...

Parto sim – de tudo – e parto suas promessas
abandono o tango e volto ao crepúsculo da solidão
e fragmento noites e vicio madrugadas travessas,
no pranto do fadista há lamentos sentidos em vão...

Em meu retorno ao calabouço do frio espectro
há portas hipócritas abertas a festejar
abanando convites para entrar e chorar na ruela

Há lágrimas de reencontro e desencontro
e há queixumes de paredes a atormentar
com boas vindas cantadas a solo e a capela
 
Índia Libriana
 
 
 
 
 
PRIMO AFAGO
 
Do tempo que me deu o Tempo e que ora contemplo,
diria até que já se conheciam de outras vidas,
folha e pena amam-se pela primeira vez
e se entregam como Toth e Dione ...
 
A alma descendente de Pergaminho
deixa-se seduzir e perde-se de amores
pelo decoroso Toth, Mister Pena
que a fecunda  ao primeiro ensaio...
 
Essa pena enfeitiçada desencanta
a recatada e ora inebriante poesia
solvendo-lhe a castidade e, suave
 
É o romper do hímen e um transbordar
de êxtase e o sémen são versos
que se vão soltando nas entranhas desta folha...
 
 
-Índia Libriana-
 
 
 
AO TEMPO QUE ORA REVISITO
 
Revisitei aquelas apaixonadas madrugadas
desesperadas, errantes nas entranhas da noite,
contidas no segredo do carteiro urbi  et orbi
e eu cabia nessa orbe tantas vezes, tantas...
 
Vi-as em tormentos de intentos sedentos
a vacilar e a tornar desesperar
no decifrar apenas vozes e depois o silêncio
do opaco e dos momentos ofertas da Lua,
 
que apouca e na cadência torna a encher
para o desespero das apenas metades, laranjas
a fulgurar de apetites na delonga do aguardado
 
das trovas inquietas que ganharam alegoria
e perderam a alegria e o exagero do olhar
que ainda dardeja calor, do sol que eras...
 
-Índia Libriana-
 
 
 
 
 
UMA POESIA ATIPICA
 
Era ver em teus olhos castanhos
o verde imaculável das paisagens,
flores em botão saltando do pincel
telas pintadas na nossa mente
 
Era ver-te amanhecendo nos dias
os sentimentos escondidos na noite
o cântico dos pássaros sugando o mel
do encanto da brisa vespertina
 
Era ter-te no almíscar, fragrância do cio
o devassar do destempero da gula,
quando tu, Eros da minha  Grécia desnudavas
 
translações passadas inócuas
vejo-te no pico delas atalhando o baú
ora que são suspiros levados pelo tempo
 
-Índia Libriana-
 
 
 
 
MELODIA INSONDADA
 
Vi o Sol desvanecendo agonizante
e antes que chegasse o pior de todos os vícios
te aguardaria no Tomara de Vinicius
para que a mágoa não aderisse ao meu semblante,
 
e ao abeirar-me na margem desse leito
Seria eu em braços me reduzindo ao de leve,
ter meu rosto nessas mãos num toque suave
e meus caracóis em cachoeira nesse peito…
 
Se soubesse que o fenecer no futuro
era para a eternidade, como o dia que passou,
e com chuva, vento, relâmpago e trovoada tudo levou
 
como a de Picos Senhor do Mundo
eu deslizaria frescura  nessa morada
onde haveria outra melodia de ti insondada...  
 
-Índia Libriana-
 
 
 
 
 
 
 
 
POR DETRÁS DO VÉU
 
Quisera ser satélite e retransmitir-te o universo
para que ele fosse a medida do teu amor
ou escultora para esculpir o ser em ti imerso
resgatar e aflorar teu humano calor...
 
Amar-te numa praia deserta,
despir-te... de preconceito,
libertar-te do grilhão que te aperta
e cobrir teu corpo com preceito...
 
Ser Lua e cobrir-te com o meu prateado luar,
arrancar de ti suspiros... de ternura,
aninhar-te de novo no meu olhar,
despertar em ti nobreza e candura...
 
Assim seríamos uma de outra,
Fosse eu artista e tu inspiração,
Fosse tu amor e eu saudade,
Fosse eu Lua e tu já luar...
 
Fosse eu consciência e tu sinceridade.
 
-Índia Libriana-
 
 
 
 

"OS CONFRADES DA POESIA"

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