"BIOGRAFIA"

"José Jacinto"

              
 

José Manuel da Cruz Vaz Jacinto, nasceu em Malange – Angola, em 18 de Outubro de 1960. Em Junho de 1975, veio para Portugal e em Outubro desse ano foi para S. Paulo - Brasil, onde viveu até Maio de 1978. 
Voltando a Portugal, frequentou o 2º ano de Engenharia Mecânica no Instituto Superior Técnico, Curso que interrompeu para cumprir o Serviço Militar no qual esteve 5 anos em regime de contrato, atingindo o posto de Tenente Miliciano. 
É licenciado em Gestão e Licenciado em Matemática Aplicada, pela Universidade Autónoma de Lisboa. 
Pertenceu aos quadros da União de Bancos Portugueses, onde desempenhou a função de Gestor de Conta. 
Presentemente é Professor de Matemática do Ensino Secundário. Fez parte da VII Antologia Poética;…
Premiado no IV Concurso de Poesia 2008 com Menção Honrosa.
É Vice-Presidente da Assembleia-Geral do Mensageiro da Poesia e Colaborador de "Confrades da Poesia".
BIBLIOGRAFIA: É autor dos livros «O Meu Bairro era Azul»; «Triângulo Atlântico»
Email: josevazjacinto@gmail.com


O MEU AMIGO FADO
 
Este embalo,
Esta dolência,
Este canto,
Esta excelência,
Que é do povo,
Mais valioso
Que a Monarquia
E a Presidência.
 
De velho
se faz novo,
Cada vez que passam
As cordas da guitarra
Sobre a sua eterna essência.
 
Veste-se de ganga,
Hoje, que é 5ª Feira.
Mas sem despir a Samarra,
está sempre à maneira
De ser bem recebido
Pela Excelência
E  pelo Sem Abrigo.
Ambos, recebe em audiência.
Mantêm a coerência
Tem sentido
De Estado,
Este  meu amigo Fado
Quem sabe se já o Bandarra
O tivera conhecido?
O Fado é também meu Amigo.
 
E eu agradeço-lhe
A paciência
para estar comigo
quando a permanência
do ruído da cidade
e da idade
se confrontam consigo
à Distância
De um 3º Andar.
 
E quase sem se notar
prevalece
até à eternidade,
que dura o dia seguínte
Com gente a dançar
À noite,
Abraçado à saudade.
E Comigo,
 jantam,
e cantam,
Amália
Carlos do Carmo,
Mariza e Camané,
Fernando Maurício
João Pereira da Rosa,
Fernado Farinha
 
E viajamos pelos bairros
De todo o Mundo
Pois então
De verdade ..
O FADO
É Património da Humanidade, 
Foi Deus,
Que por morrer uma andorinha,
Não deixou acabar a primavera
E revelou de  quem era
A culpa desta tristeza
Que a fadista traz consigo.
Até  fez o Rei revelar
 um segredo de estado:
Gostava de Fado,
 Ouvia-o,  embuçado.
Até, que certa noite houve Alguém,
que tornou  Fado Real
 o lançou mais Alem
o meu Amigo Fado..
E se ao menos houvesse um dia
Em que apenas o ouvisse,
Nesse dia,
Minha alegria
Tinha chegado.
Afinal.
CONFRADES...POESIA
  
Agora,
com mais, Mais -Valia,
A Confraria  está no Dia-a-dia,
no tempo dos Frades.Com.
Não é uma fantasia
É Real  sem mordomia
e na História marca o tom.
 
Os Confrades, estes, são os da Poesia
Que na NET e com a Tecnologia
Revelaram o seu dom.
 
Confrade…
Solidariedade
Confrade
Amizade
A mesma Verdade.
Memorial.
Para orgulho do Seixal.
 
Poesias……
Confrades……
Ousadias……
verdades
Pinhal Dias…
Vontades
Que se espalham
Pelo ciber espaço mundial
 
Confrade e poesia
Aqui ao lado?
Então está um Fado.
A dançar com a Maresia,.
sobre um teclado.
 
MENSAGEIROS E CONFRADES DA POESIA.
Hoje em dia!
Quem diria?
 
A palavra tanto é a  arma mais poderosa,
Como o remédio mais eficaz!
 
 
 

 


 
Entrevista ao Confrade José Jacinto – Janeiro 2010
 
Os Confrades da Poesia – Como te chamas e onde nasceste?
JJ - Chamo-me: José Manuel da Cruz Vaz Jacinto e nasci em Malanje - Angola.
 
CP – Há quanto tempo compões Poesia?
JJ - Há 9 anos.
 
CP – Consideras-te Poeta?
JJ - Ainda não. Não chamarei ao que fiz poesia. Comecei por ensaiar algumas palavras com sentimento e saíram umas quadras iniciais sobre a minha Rua de Malanje. Surpreendi-me com o resultado, não só em termos de substância, como do ponto de vista fonético, palavras que rimavam no fim e que,lidas em voz alta, soavam bem ao ouvido. À surpresa agradável da descoberta, juntou-se a utilidade de servirem de meio de transmissão fácil dos meus sentimentos, emoções, recordações, reclamações...
 
CP – Que representa para ti a Poesia?
JJ - Objectivamente (para o lado de fora), um meio de comunicação especial com o "Outro", facilitadora da manifestação do "EGO" (para o lado de dentro); lendo-a ou escrevendo-a, é um bálsamo, é o peso que faz equilibrar a balança do quotidiano sempre variável entre a felicidade e angústia; a adversidade e a facilidade; a concretização e a decepção; a multidão e a solidão; enfim, um fio de prumo que me ajuda a estar de bem com a minha realidade. Acresce que é um enorme divertimento. E muito inebriante também.
 
CP – Concordas com a afirmação: “O Poeta é um fingidor?"
JJ - Alguns talvez sejam, outros não. Ou então, nem saberão que o são, ou não!
 
CP – Muitos dizem que os poetas são loucos e anseiam mudar o mundo…  
JJ - Poesia, loucura, ansiedade, mudança, mundo... Tudo isto é comum aos que dizem às vezes o que não querem dizer!... Pela sua essência o poeta permanece, expondo-se; o observador, (leitor ou simples receptor do que ouve em 2ª mão), pode sempre permanecer escondido atrás das páginas ou misturado nas conversas. quando a diferença é incompreendida e a inteligência comedida, a solução é forjada e fica resumida à palavra lúcida da loucura - ( só que é sempre a dos outros).
Os poetas não anseiam mudar o mundo, os poetas não pretendem mudar ninguém. No entanto, sem dúvida, que mudam sempre. Mas o que os poetas não querem nem deixam; é que os mudem. Se alguém muda, é pela força da Palavra, mais do que pela palavra Força. O início e a concretização de muitas mudanças pelas quais a humanidade passou, se alimentaram e devem ainda a sua permanência à veia dos Vates. - Obrigado, Luís de Camões.
 
CP – Há momentos próprios para escrever, ou escreves a qualquer momento?
JJ - Escrevo nos momentos em que chega a inspiração. Alguns deles, até são geralmente impróprios. Depois, - caso precisem e mereçam - procedo à arrumação dos escritos.
 
CP - A Poesia revela em ti uma cultura ou um Dom Artístico?
JJ - Nem uma coisa nem outra. Apenas me revela como sou. Não finjo nem invento. - Cabe aos Outros a revelação.
 
CP – De que Poetas recebeste influências?
JJ - António Aleixo; Cesário Verde; Fernando Pessoa; Florbela Espanca; Vinicius de Moraes; Alda Lara; António Jacinto; Viriato da Cruz; António Gedeão; Ari dos Santos; António Nobre; Camões; Bocage; Carlos de Andrade.
 
CP – Quais são os teus Poetas favoritos?
JJ - Os que me influenciaram.
 
CP - A Poesia é um bem Universal?
JJ - Nesses termos, tanto pode ser a mais temível "arma"(e fazer "mal"), como traduzir a forma mais pacífica de a humanidade se manifestar e fazer "bem". Porém, em qualquer dos casos só faz BEM. - É algo muito poderoso, cujos efeitos são eternos. - É na Palavra que se alicerçam todas as mudanças. Apenas à palavra a mente é permeável e, se ao substrato se juntar púrpura poética, então o efeito é "demolidor".
Penso que a poesia é conjuntamente com a Matemática e a Música; a outra linguagem do Universo. O resto é subsídio. E ainda bem.
 
CP – Tens livros publicados?
JJ - Tenho dois: "O MEU BAIRRO ERA AZUL"  e  "TRIÂNGULO ATLÂNTICO*
 
CP – Qual foi o último livro que leste?
JJ - A Civilização do Renascimento, de Jean Delumeau.
 
CP – Sabemos que tens participado em alguns eventos poéticos… Achas isso útil?
JJ - Concerteza. Eu pretendi que a minha singela participação nesses eventos, servisse para chamar a atenção dos ouvintes da importância da palavra, da poesia... enfim, da Língua Portuguesa. Bem hajam os seus promotores.
 
CP – És a favor ou contra os concursos poéticos?
JJ - Sou a favor. E quanto mais rigor, maior valor.
 
CP – Achas que a Poesia está bem divulgada em Portugal?
JJ - Não! Basta entrar numa livraria e comparar. Basta ligar a televisão e
reparar. Basta entrar na Escola e perguntar. Basta perguntar...
 
CP – Tens mais algum hobby além da Poesia?
JJ - Motociclismo... Ouvir Fado...
 
CP – És contra ou a favor do novo acordo ortográfico?
JJ - A favor. É e já chegou tarde. Senão, ainda estava a responder em Latim.
E a "PHARMÁCIA", porque se transformou em FARMÁCIA, nunca deixou de cumprir. Além do mais, Portugal nunca parou no Continente. É Mundial desde o século XVI. Se deu, merece receber também o contributo dos contemplados. Foi sempre assim desde que foi encontrado por fenícios, cartagineses, romanos, visigodos, suevos, árabes, africanos, sul-americanos, asiáticos...
O acordo põe finalmente TODOS a falar o mesmo PORTUGUÊS. Finalmente a Língua Portuguesa é transnacional e "todos se entendem à mesa".  E Portugal só ganha com isso. A Pátria - como diz o POETA É A LÍNGUA . O Território fica na História. "E se, se quiser conhecê-la", Fernão Lopes não carece de tradução. Precisa é de mais atenção, mesmo sendo lido no "português dele". Em suma, a Língua Portuguesa só se enriqueceu com as contribuições externas. Como todos sabemos, o que se mantêm constante na vida é a mudança; o que implica uma enorme capacidade de adaptação para se sobreviver. Senão, extingue-se. A Língua é dinâmica; é viva.  O "português", por isso mesmo, ainda é falado e... cantado num Fado.  - O Acordo Ortográfico é pois, uma garantia da sua eternidade e universalidade.
 
CP – Valorizas a amizade?
JJ - Muito. É - para mim - a maior riqueza que uma pessoa pode ter.
A solidão é a mais temível das sentenças, que encerra o Homem na mais cruel das prisões. De que valem milhões se, se estiver sozinho? Coitadinho... Sem ter ninguém... nem para lhe chamar isso.
O problema é que às vezes, quando a temos não a valorizamos; quando a perdemos pensamos que nos aguentamos. Mas não. Ninguém é feliz sozinho - como dizia o poeta. 
 
CP – Qual é a maior virtude e o pior defeito?
JJ - Virtude:"A humildade genuína". Defeito: "A mentira pervertida".
 
CP - O que mais aprecias numa pessoa?
JJ - A coerência e a sinceridade.
 
CP – Como defines o amor?
JJ - Tanto pode ser tudo como não ser nada. Logo, é tudo. O que almejamos, no fundo - no primeiro estágio da nossa imperfeição - é sermos amados; mesmo que não amemos. Dá-nos a efémera sensação de felicidade. Porém, se conseguirmos amar - mesmo sem ser amados - a felicidade é redobrada. Superamo-nos. O Mandamento Novo cumpre-se. A teoria da existência está unificada e a razão dispensada.
«O Amor é o único Salvador da Humanidade».
 
CP – Acreditas na existência de Deus?
JJ - Sim. Sem mais explicações.
 
CP - O que levavas contigo para uma ilha deserta?
JJ - Uma ponte; para voltar para aqui.
 
CP - O que representa para ti "Os Confrades da Poesia"?
JJ - Amizade, ousadia, pertinência, dedicação, diferença, inovação, valor e naturalmente poesia.
 
CP – Consideras útil este tipo de comunicação?
JJ - Sim; muito útil. Se não nos adaptarmos, desaparecemos. A Revolução da Informação, não se compadece com formas antigas de comunicação.  
 
CP - O que representa para ti o Boletim dos Confrades da Poesia?
JJ - Um importante meio de divulgação cultural; que não se quer apenas concelhio, mas internacional.
 
CP – Achas que o Boletim está bem conceituado?
JJ - Sim. E assim continuará se mantiver a humildade e o espírito de servir.
 
CP – Podemos contar com a tua contribuição também nas rubricas?
JJ - Com prazer, se para tal lhes for útil.
 
CP – Para finalizar queres acrescentar mais alguma coisa?
JJ - Apenas, que o meu presente deve tudo ao meu passado; à minha Gente e à minha querida Terra: Malanje.
 

"CONFRADES DA POESIA"

www.osconfradesdapoesia.com