"BIOGRAFIA"

Artur Gomes

                                                                                                                                                                                                                                                                      

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Artur Manuel Santos da Silva Gomes, nasceu em Amora a 04 de Abril de 1957, no seio de uma família humilde de operários corticeiros, esta origem de classe ainda hoje o acompanha e molda o seu temperamento e ideais.
Nado e crescido nas margens do Tejo, sempre encontrou no rio forma de liberdade e de sustento, e sempre imaginou no Horizonte infinito do mar as viagens que fez e que ainda pretende fazer.

Casou muito cedo, tinha 18 anos e terminara nesse ano o curso de formação de Electricistas na Escola Industrial e Comercial do Seixal, e quando se preparava para ingressar no Instituto Superior Técnico, foi recrutado para a Marinha de Guerra Portuguesa, onde continuou a  carreira de Electricista e deu largas á sua vocação Marítima, viajando um pouco por todo o mundo. Acabou por se formar em grandes sistemas informáticos e após uma carreira Militar preenchida de mais de 13 anos acabou contratado por uma instituição bancária para os seus quadros de informática e ai se manteve até ser reformado.
A Poesia e a Prosa aparecem naturalmente ao longo da sua vida, sempre por impulso e de forma espontânea , por isso entre improvisos e alguns rabiscos em guardanapos de ocasião, quase sempre perdeu no esquecimento as coisas que escrevia. Sempre ávido de leitura só uma obra pode considerar como uma verdadeira influencias literária, OS ESTEIROS  de Soeiro Pereira Gomes, lida e relida inúmeras vezes sempre encontra nesta obra os traços da sua juventude e traquinices na margem do Tejo.
Na Actualidade partilha o seu tempo entre as actividades de Radialista com alguns amigos. “Rádio Filhos da Escola” e uma escola de formação náutica onde lecciona navegação a novos mestres de Portugal.
Na reforma encontrou finalmente tempo para compilar alguns textos e poesias e o seu primeiro livro, deve estar ai a sair nos primeiros meses de 2018.  É membro de “Confrades da Poesia” Amora / Portugal e fã da

Rádio Confrades da Poesia”...

 
Bibliografia:
"Os Pequenos Nadas de uma Vida" Brevemente
 
Sites:
 
 

 
Canção no mar de liberdade
 
 
Partir é morrer um pouco
Cavalgar as ondas do mar
Viver a vida de um louco
Até o navio atracar

Vais com a corrente do vento
Sempre atrás da quimera,
Mas não tiras do pensamento
O amor que em casa espera

Mar, horizonte aberto de liberdade
Quebrando grilhetas de ansiedade
Onde revelas tudo o que anseias

E de qualquer som se faz uma canção
Que as ondas cantam com emoção
A mais linda canção para as sereias
 
Artur Gomes - Amora
 
 
 
 
 
 
 
A Carantonha da Correnteza
 
 
Quinta da Maria Pires lá atrás
Bem na frente o nosso Rio
Á esquerda a Tia Perpétua
E á direita o meu tio
 
Quem vinha do Correr d´água
Trabalhar no Pampolim
Trazia sempre lembrança
Que deixava para mim.
 
Na minha memória arquivo.
A vida na Correnteza
Fosse o Raul Vindima vivo
E essa carantonha feia
Vinha pro chão de certeza
 
 
Artur Gomes - Amora
 
 
 
 
 
 
 
Poema Eléctrico
 
Ao fim de muita maçada.
Pra tratar da papelada.
E ter de ir ao especialista.
Andei 10 anos a aprender.
E lá consegui fazer.
Exame para electricista.
 
De ferramenta na mão.
Fiz uma comutação.
Que não se pode esquecer.
Ficou tão bem ligada.
Que a lâmpada desgraçada
Não conseguia acender.
 
Na minha prova teórica.
Usei de grande retórica.
Semântica e dialética.
Que o examinador coitado.
Gritou para mim zangado.
Faça uma prova eléctrica.
 
Quando cheguei aos motores.
Até chamaram os doutores.
Para me examinar.
Ver as máquinas a rugir.
Ver toda a gente a fugir.
E o motor a desarvorar.
 
Depois de um exame brilhante.
Disseram-me num instante.
Um resultado nunca visto.
O exame foi rasgado.
O Senhor está chumbado.
Não tem jeitinho para isto.
 
Quero ser electricista.
Nunca do sonho eu desista.
Nem que me custe milhões.
Uma instalação ligar
Geradores associar.
E domar os electrões.
 
 
 
Artur Gomes - Amora
 
 
 
Carnaval com molha
 
 
Fui brincar ao Carnaval.
Com uma mascara trabalhada
Mas veio a chuva e afinal.
Fiquei com a mascara molhada.        
 
Estava tudo preparado
O meu amor me chamou
Para ver o corso, passar.
Mas o corso não passou
 
Fiquei todo arreliado.
Pois para isso sou um ás.
Para fugir á chuvada.
O corso voltou para traz.
 
Mascarado de marinheiro.
Sem ter onde me abrigar.
Porque chuva que é civil.
Não molha o militar.
 
E no meio da desgraça.
Para não me molhar sozinho.
Voltei outra vez para casa.
Para tomar um chazinho.
 
 
Artur Gomes - Amora
Poema Açores
 
 
Nove ilhas dos Açores.
Tao belas como os amores.
Ficam sempre na lembrança.
Se arriba a Ponta Delgada.
Avista logo á chegada.
O convento da Esperança
 
Aqui ficam as miúdas.
Umas pequenas outras graúdas.
Que para aqui vêm estudar.
Juntaram tanta fartura.
Tanta fruta já madura.
Com as freiras a guardar.
 
E assim que o serviço acaba.
O marujo solta amarra.
E dá asas á alegria.
O Marinheiro sai na terra.
E rápido a presa ferra.
Porque é boa a pontaria.
 
Eu nunca foi pescador.
Seja de peixe ou de amor.
Nunca lhe dei atenção.
Mas tive sorte afinal.
Caiu-me na Imperial
Uma moça da Povoação.
 
Naquela tarde sem vento.
Levei-a até ao convento.
Tal cavalheiro á maneira.
Já lhe segurava a mão.
E falava ao coração.
Quando apareceu a Freira.
 
Que falou com voz de fada.
Mostrando não estar zangada.
Mas dizendo logo ali.
“Eu avisei toda a gente”
“E a si principalmente”
“Não queremos homens aqui”
 
E a moça toda atrevida.
Sem se dar por vencida.
Respondeu bem de repente.
Eu só quero agradecer.
Veio para me conhecer
Um primo do Continente
 
Mas que grande simpatia.
Diz a freira com alegria.
Vem connosco até á missa.
E para a simpatia pagar.
Ainda fica para jantar.
Batatas com hortaliça.
 
Tudo cumpri a preceito.
Fui sempre primo direito.
Que a sentença nem foi dura.
E para parecer educado.
Ainda fiquei um bocado
E faltei á formatura.
 
E assim fiz este poema.
Com o amor como tema.
De uma história banal.
Hoje é só recordação
Da moça da Povoação
Que caiu na Imperial
 
 
Artur - Amora
 
 
 
 
Sempre lhe achei tanta graça
 
 
Sempre lhe achei tanta graça
Á minha terra de Amora
Quanto mais o tempo passa
Menos gosto de ti agora
 
De tanto te porem bela
Talvez com boa intenção
Estão a dar cabo dela
E a esconder a tradição
 
Estragaram a praça toda
De arvores e bancos pacatos
Quiseram ficar na moda
E esconderam os “lobatos”
 
O coreto e o seu jardim
Não me sai do pensamento
Por haver gente assim
Hoje és “jardim de cimento”
 
Eu tenho muitas saudades
Da amora dos trabalhadores
Que me ensinavam mais verdades
Que agora alguns douctores
 
De tantos versos que escrevi
Sem dizer nada de jeito
Escrevi sempre o que senti
Sem nunca lhe achar defeito
 
Quem te viu rio judeu
Com tanto peixe a saltar
Onde jovens como eu
Aprenderam a nadar
 
Aparece dinheiro para tudo
Do imposto ou da derrama
Mas só o rio fica mudo
E morre afogado em lama
 
São estes versos sem graça
Do meu coração agora
Quanto mais o tempo passa
Mais eu choro pela Amora
 
 
Artur Gomes - Amora
 
 
 
 
 

"CONFRADES DA POESIA"

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